O terceiro milagre



Pois é. Ah, pois é.

Pensavam os benfiquistas – eu incluído – que o penta era mesmo ali ao virar da esquina ?

Que depois do inédito tetra, o também ele inédito penta eram favas contadas, uma mera formalidade ?


Não era. Longe disso.

Mas estamos a tornar a coisa ainda mais difícil por uma série de tiros nos pés totalmente previsíveis e igualmente totalmente evitáveis.

No entanto, antes de irmos por esse caminho, vamos então fazer uma pequena cronologia dos milagres.



Tricampeonato:

Montanhas de lesões e um jogo que decidiu muito daquilo que havia anda para escalar. 

Em Alvalade jogávamos com o líder por essa altura, o Sporting.

Antes mesmo de começar o jogo, nova lesão, e esta de monta: o grande guarda redes Júlio César juntava-se aos inúmeros lesionados e nem seguia para jogo, antes directamente para a enfermaria que é um autêntico hospital, lá para as bandas da Luz.

Entra no jogo o completamente desconhecido Ederson, que fez uma bela exibição.

Mas para ganhar esta partida os Deuses do futebol estiveram definitivamente connosco, pois Bryan Ruiz falhou um golo de uma forma inacreditável, que eu na minha vida nunca sonhei ver uma perdida desta envergadura. 

A coisa foi tão escandalosa que quem levou as mãos à cabeça não foram os adeptos do Sporting… foram os jogadores da defesa do Benfica !!!

Bom, jogo terminado, primeiro milagre conseguido, que se estendeu até ao fim da época, num final de cortar a respiração mano a mano com o clube do leão e dos viscondes e já agora dos banqueiros de mãos largas e bom coração.



Segundo round: Tetracampeonato; mais do mesmo: onda de lesões que começou cedo e continuou época afora, sem dar descanso ao departamento médico, que por esta altura já pensava na pré- reforma num hospital com menos movimento..

Desta vez foi uma luta com o FC Porto até quase ao final da temporada, pois o leão tinha a pilha já um pouco gasta da tensão da época anterior e fez jus ao terror do Natal, que lá para aqueles lados é fatal.

Novo milagre de Rui Vitória, ao amparar e equilibrar a equipa perante meia equipa titular lesionada quase a todo o momento.



E chegamos aqui, ao ambicionado Pentacampeonato, feito que seria único na história do Glorioso – tal como já foi o tetra.

E de novo precisamos de novo milagre, do 3º milagre.

Tenho para mim que a misteriosa onda de lesões não tem origem na falta de coordenação entre médicos e treinadores de campo.

Acredito numa outra teoria, provavelmente bem mais simples e decerto bem mais inverosímil, digo eu, que não percebo nada disto.

Eu sempre vi jogadores do Benfica a lesionarem-se em momentos cruciais.

Talvez o mais célebre tenha sido o partir de perna de Diamantino, o “diamante”, em plena véspera do jogo da final da champions, que desequilibrou totalmente a equipa.

Perdemos esse jogo, claro está, para não variar e dar razão mais uma vez a Bela Guttman.

Ora, o que eu digo é bem claro: o Benfica, ou melhor, o sistema táctico dos treinadores que estão na Luz, favorece as lesões, ao exigir o máximo esforço de cada um em cada momento em cada jogo e em cada treino.

O esforço deve ser repartido por todos – o Futebol é um jogo de equipa, não de talentos individuais à solta sem freio.

Os grandes jogadores, os Jonas deste mundo, devem ser protegidos e não cansados e atirados para a recuperação de lesões musculares crónicas. 

Para se cansarem, estão lá os carregadores de piano !!!

No entanto, o génio Jesus fez a sua parte deste descalabro, ao atirar os organizadores de jogo - os números 10, para fora da equipa e do sistema táctico ! , deixando Rui Vitória para apanhar os restos da trapalhada.

Ou seja, já não há artistas no meio campo criativo, agora todos os que lá andam a correr de um lado para o outro são números 8 ou 6.

Já o Filipe Augusto não é nem 10, nem 6 ou 8 - é apenas um 0 à esquerda, mas isso são contas de outro rosário.

Rui Costa ao ver esta cena triste deve pensar lá para os seus botões e gravata: "- Mas...onde diabo estão os Diamantinos, os Aimar, os Valdos ??? Pá, só com Therns e Amarais não vamos lá !!!"

E o Presidente também não se pode colocar de fora e acusar os jogadores, pois foi ele que vendeu em leilão internacional 4 ou 5 jogadores essenciais e atirou o dinheiro para o departamento de contabilidade, não dando cavaco a Rui Vitória e deixando-o sozinho a tentar desmentir a falta de qualidade da equipa em conferências de imprensa ridículas, que nada mais fazem do que adiar o inevitável: o adeus prematuro do Benfica ao título.

Por completa culpa própria e tiros nos pés uns a seguir aos outros de uma estrutura já cansada de ganhar – se tal coisa é possível !


Tenho dito.

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