Arte conceptual, essa desconhecida


Duchamp - "A fonte"



Na minha opinião a Arte Conceptual deixou-se ofuscar pelo aparente brilho das suas “descobertas”, não levando as suas conclusões muito mais além do que a Semiologia já tinha encontrado; será que a “Ciência” venceu a Arte, neste domínio?

Penso que se deverá ir buscar aos pioneiros da Arte Conceptual- Duchamp e Beuys (a escolha destes autores  é polémica, eu sei…), as pistas que estes deixaram e trabalhar-se a partir dessa matéria prima, para levar a Arte Conceptual a conclusões mais avançadas, que inclusivamente surpreendam o mundo científico.

Não me agradam, portanto, as instalações que se fazem, às dúzias, “protegidas” pelo manto da incomunicabilidade permitida por uma parte arrogante da Arte Conceptual, apadrinhada por críticos de arte ambiciosos e galerias dispostas a tudo para enriquecerem.

As pessoas têm de aprender de uma vez por todas que a arte tem de ser algo de ESSENCIAL, e não algo de BONITO (veja-se a obra de Bacon e a de Tàpies, por exemplo).

Se alguém quiser algo de bonito sugiro que se dirija a uma loja de decoração, se alguém quiser algo de essencial que se dirija ao atelier de um BOM pintor, que é onde a arte acontece no dia a dia.

Eu não vejo o mundo com uma arte invisível, mas vejo-o sim com uma arte que apenas possa ser pensada e discutida, e não seja obrigada a existir para se “explicar” a si mesma e ao objectivo de sua existência.

Quanto ao facto de a Arte Conceptual fazer Arte- sobre- Arte já feita, penso que todos os artistas e movimentos o fazem um pouco.

A questão não é a de saber quem a faz ou não, pois todos o fazem: o principal é saber quem a faz bem, ou seja, quais os artistas sérios que levam o seu trabalho a sério e investigam, tanto o acto criativo de forma teórica, como o praticam, fazendo obras belas e essenciais ao mesmo tempo (“A arte contra a estética”, de Tàpies está sempre presente no meu espírito).


Quanto à questão: se estudar semiologia estará ainda no campo da arte, eu devo dizer algo que é capaz- ou não- de surpreender:

É a Arte que engloba o nosso Código Linguístico, e não o contrário.

Ou seja, as regras que devem reger a “fabricação” diária do que apelidamos erradamente de Linguagem são as mesmas que nos levam a fazer belas e eternas obras de Arte: é por isso que a letra- e não o monema/ morfema- é a unidade mínima de significação da “Linguagem”, além de unidade mínima formal, e isto porque a letra é uma evolução ancestral de vários símbolos, como nos ensina Julia Kristeva no seu livro “História da Linguagem”.

Estes factos já o sabem os profissionais de Psicologia (“Inconsciente Colectivo”- Jung), Pintura/ Arte (Beuys e Tàpies), Espíritas, Iniciados, Poetas e etc etc etc.

O objectivo primordial do nosso arcaico Código Linguístico é: COMUNICAÇÃO

O objectivo essencial da Arte? – É exactamente o mesmo…


Logo, é através de um estudo aprofundado da Arte Conceptual que os dois campos se irão unir num futuro não muito longínquo.

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